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Com os pés no chão

Com os pés no chão

OS INIMPUTÁVEIS

Se um qualquer doente se recusar a tomar medicamentos para se tratar, não acredito que um médico ou um hospital o vá sancionar por isso. Acredito que a um doente que se recusa a fazer um tratamento que o médico o largue da mão e não se interesse mais por quem não cumpre a sua parte: tratar-se de acordo com as prescrições médicas.

Se um país que não cumpra a meta do défice pode ser sancionado até um valor de 0,2% do PIB, significa que aqueles que fazem a vigilância e o controle do «doente» lhe aplicam uma sanção que vai no sentido de o «matar», o que é um contrassenso. Seria um contrassenso ainda maior que, durante o período a que se refere o castigo, se tratasse de um «doente» que, inclusivamente, foi elogiado por aqueles que estão tão empenhados em aplicar o correctivo.

Não deveria então ser um país penalizado por não cumprir as regras do pacto de estabilidade e crescimento? Claro que sim! Mas se a um mau doente um hospital não o pode meter porta fora, a um país sistematicamente incumpridor deveria ser mostrada a porta da rua, a saída do euro. Mais do que qualquer multa, mostrar a um país relaxado que a porta da rua é a serventia da casa, seria motivação mais do que suficiente para não brincar ao faz de conta. Ao faz de conta que cumpre as regras, ao faz de conta que cumpre o défice, ao faz de conta que é rico, ao faz de conta de que é merecedor de uma credibilidade que não tem. Seria motivação suficiente para os políticos não brincarem com coisas sérias, com geringonças mau paridas. Ah, já agora, todos aqueles que no futuro venham a ter a responsabilidade de chamar uma nova troica, colocando o país de joelhos na dependência económica de quem quer que seja, deveriam poder ser acusados do crime de alta traição. Se um espião que vende informações aos russos é preso, e muito bem preso, porque é que aqueles que vendem o país aos credores também não haverão de ser presos? Resposta; é que os políticos, infelizmente, estão na classe dos atrasados mentais e, como tal, inimputáveis.

SER PORTUGUÊS

O resultado a favor do brêxit está a evidenciar que os principais responsáveis a favor da saída fizeram uma campanha puramente emocional e demagógica. Não tinham nenhum plano e não previram as consequências. Muitas empresas deixaram de investir, outras preparam-se para sair e muitos cidadãos procuram dupla nacionalidade. Muito desemprego têm os britânicos pela frente. Aqueles que vão atrás da cantiga do BE que se cuidem.

Não é pelo facto de muitos cidadãos a favor do brêxit estarem arrependidos que a EU deixa de ser um mundo de incongruências, de contradições e sem rumo. A forma como os diversos cidadãos europeus encaram o trabalho, a criação de valor e a competitividade é bastante díspar. As tensões entre países tinham inevitavelmente de aparecer, mais tarde ou mais cedo.

O pacto de estabilidade e crescimento pune da mesma forma aqueles que têm grandes excedentes comerciais e aqueles que estão enterrados em divida. É como se uma escola punisse da mesma forma o melhor aluno e o pior aluno. Um absurdo. As regras são iguais para todos e aplicam-se a todos e, por isso, Portugal não deve ser punido, porque segundo as regras, a França e a Alemanha também deveriam ser punidas. Eu não concordo é com regras que promovem a mediocridade, regras que impedem os bons de progredir. Mas, qual é a razão que leva alguns responsáveis europeus a quererem aplicar sanções a Portugal? O nosso Presidente diz que Portugal não merece ser punido porque fez tudo o que a troica e os responsáveis europeus mandaram. Seria penalizar Passos Coelho injustamente. António Costa, diz o nosso Presidente, tem ainda pouco tempo de governação e não pode pagar por resultados que ainda estão por demonstrar. Este Presidente quer estar de bem com todos o que o leva a cair no ridículo. Parece que está a falar para idiotas! Se acha que Passos Coelho não deve ser penalizado por ter feito o que os credores mandaram como é que acha que António Costa não deve ser penalizado se está a desfazer o que Passos Coelho fez? É dizer uma coisa e o seu contrário.

Na verdade, não é por causa das duas décimas acima dos 3% que nos querem penalizar, mas sim pelo facto de voltarmos ao caminho da demagogia e da reversão. É como fazer inversão de marcha e fazer de novo o mesmo caminho, mas ao contrário. É esta a verdadeira razão pela qual nos querem aplicar um «correctivo». A dívida continua a subir, atingiu já novos máximos e António Costa continua a querer aplicar medidas que vão atirar o défice para um valor que não tem nada a haver com o que diz. Só um «cego não vê isto»! No meio de toda esta preocupação e avisos por parte dos responsáveis da UE, só me admira é os mais interessados, os portugueses, não estarem nada preocupados. Ser pobre, viver como pobre e querer ser rico e fazer por isso, é meritório. Ser pobre, querer viver como rico e não fazer nada por isso, é ser Português.

AS MULAS DE CARGA DO REGIME

Em todo o lado existem pessoas que primam pela correcção, pessoas que procuram evoluir e progredir partilhando com aqueles que os ajudam a subir a escada da vida. Existe também o inverso, mas eu quero acreditar que a maioria faz parte do grupo dos «bons».

As empresas privadas concorrem entre si no mercado e, como tal, têm de procurar fazer o seu melhor por um valor concorrencial. Vivemos tempos nos quais a concorrência é de tal forma feroz que as margens estão completamente esmagadas. As empresas privadas que, na sua grande maioria fazem parte dos «bons», não dão 35 horas de trabalho semanal aos seus colaboradores. Nos dias de hoje é impraticável e custaria o sustento de muitas famílias. O patrão dos funcionários públicos decidiu fazer o caminho inverso. Rico patrão este! Passando o horário de trabalho dos funcionários públicos para as 35 horas, significa que este abonado patrão vai ter de contratar mais gente para fazer o mesmo trabalho. Num país à beira da banca rota é risível de tão ridículo que é. Quando o governo diz que vai reduzir o horário de trabalho dos funcionários públicos sem custos adicionais, significa que: ou tem havido uma grande ineficiência na gestão dos recursos humanos, ou significa que o Estado tem funcionários a mais, ou ainda que vai obrigar os funcionários a trabalhar á velocidade da luz para produzirem o mesmo que anteriormente. É obrigação dos governos gerir de forma sensata e eficiente os recursos que têm á sua disposição e aliviar, na medida do possível, os contribuintes. O Estado, este Estado, este governo, comporta-se como um conselho de administração que não sente repugnância em sobrecarregar os seus acionistas, os contribuintes. Porque é que isto não acontece nas empresas privadas? É que as empresas morrem quando praticam uma gestão ruinosa, ao contrário do Estado que basta aumentar os impostos. Para além disso, os empregados do Estado são eleitores e, como tal, o seu patrão procura os seus favores eleitorais. Imaginem o que seria se nas empresas privadas as administrações fossem eleitas pelos trabalhadores! Nem num regime comunista isto acontece. Conheço alguns funcionários públicos que estão contra as 35 horas, é gente que tem vergonha na cara num pais em que a prioridade deveria ser cultivar e valorizar o trabalho. Os trabalhadores do sector privado são «as mulas de carga do regime», deste socialismo bacoco, que os trata como cidadãos de segunda classe.

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